Olá amores, Deixo aqui um trecho do livro que estou a ler,
“O santo é aquele que sabe que cada momento de nossa vida humana é um momento de crise; pois em cada momento nos chama a tomar uma muito importante decisão —escolher entre o caminho que leva a morte e a treva espiritual e o caminho que leva a luz e a vida; entre nossa vontade pessoal, ou a vontade de alguma projeção de nossa personalidade, e a vontade de Deus. Para preparar-se a resolver as dificuldades de seu modo de vida, o santo empreende uma educação apropriada de sua mente e corpo, assim como o faz o soldado. Mas enquanto que os objetivos da instrução militar são limitados e muito simples, ou seja, fazer aos homens valentes, serenos e cooperativamente eficientes na arte de matar a outros homens, com os quais, pessoalmente, não têm questão alguma, os objetivos da educação espiritual estão muito menos estreitamente especializados. Aqui o fim é principalmente levar os seres humanos a um estado no qual, por já não haver nenhum dos obstáculos que eclipsam a Deus entre eles e a Realidade, podem advertir continuamente a divina Base de seu ser e de todos outros seres; secundariamente, como meio para este fim, tratar todas as circunstâncias, até as mais corriqueiras, da vida cotidiana, sem malícia, cobiça, desejo de impor-se ou ignorância voluntária: antes bem, consequentemente, com amor e compreensão. Como que seus objetivos não são limitados; como que, para o que ama a Deus, cada momento é um momento de crise, a educação espiritual é incomparavelmente mais difícil e penetrante que a instrução militar. Há muitos bons soldados; poucos Santos.” Trecho do livro; “Filosofia Perene”- Aldous Huxley Gratidão, Dan Dronacharya.
Artigo capa da revista Meer de hoje; https://www.meer.com/pt/76209-reflexoes-sobre-a-finitude
“Quando eu era criança, minha mãe sempre me dizia que, nesta vida, a única certeza que possuíamos era de que os humanos tinham solução para tudo, exceto para a morte.”
Pois… A finitude sempre foi certa, verdade absoluta! Embora saibamos que ela nunca foi aceita por todos e em nome deste temor ou pavor, nós criamos mitos e religiões. Saber que não teremos mais utilidade, que possuímos uma doença mortal ou que as relações acabam sempre foi difícil para a nossa mente humana, na verdade nós temos dificuldade em aceitar que somos finitos. Quando estamos de frente para o fim, clamamos por mais chances, mais oportunidades, nós clamamos pela Vida (Deus). Nós aprendemos na escola que que nascemos, crescemos, reproduzimos ou não, envelhecemos e morremos, não é mesmo? Então, por que tememos a morte, sendo que ela é a única certeza que temos? Por que tentamos fugir desse encontro inevitável? O Budha chamava isso de Samsara ou Sangsara (roda do sofrimento).
“As dores são inevitáveis, mas o sofrimento é opcional.” (Budha)
Ora, ora minha gente, o entristecer faz parte, isso faz parte de ser humano, se sentir triste, ficar aborrecido, chateado e pensativo, e isto é diferente de não aceitar. O luto pode e deve ser sentido. Ninguém precisa ficar feliz ou menos triste porque não pode mais se lambuzar de doces e é proibido de tomar uma cervejinha, correto?
Nós sabemos como gira a roda do Samsara, compreendemos que tudo o que começa, termina e que tudo que nasce, morre. O que traz algum conforto é saber que os sentimentos existem, são mutáveis e não nascem, ufa que sorte! (risos).
Ninguém terá as suas dores, por mais que as pessoas sejam solidárias a si, as suas dores são suas. Ninguém morrerá no seu lugar, ainda que alguém diga que deu ou dará a vida por si, esse alguém não terá como morrer no seu lugar.ra Se a pessoa morrer terá dado fim à vida dela e não à sua.
Portanto, parece-me que o melhor que se pode fazer, é compreender que somos os únicos responsáveis pela própria nossa existência, e só você sabe quem você é! Ser honroso é ser responsável.
“Se ninguém mais pode sentir por mim, se não há quem possa falar as palavras que estão na minha boca, é mais que uma necessidade, um dever, uma questão de honra saber quem sou, para que eu possa dizer ao mundo a que vim. É uma obrigação moral.” (Carl Jung) Mas, e se a areia da ampulheta estiver prestes a se esgotar? A finitude sempre foi um dos dilemas mais melindrosos da cultura ocidental. Somos relapsos com o tempo, investimos muito tempo em chateações e ficamos constrangidos de quando estamos contentes. O dia passa e a gente só se dá conta disso quando já entardeceu e a noite chega tão rápido quanto o cansaço.
E, quando retiramos o relógio cronológico do pulso no final do dia, exaustos e loucos por uma boa noite de sono, é quando os relógios psicológicos e biológicos começam a correr, e eles têm uma predileção imensa por correr. Cansados e já sem tempo para reflexões, muitas vezes adormecemos com o pensamento; Mas, e o tempo?
O tempo perdido não pode ser recuperado, e o tempo vendido também não! Então? Então, isto e como afirmam os grandes sábios, que o tempo é com certeza o bem mais valioso que possuímos na prateleira, pois, uma vez vendido, perdido, emprestado ou doado, não há como recupera-lo Nunca mais teremos o mesmo tempo, isso não dá volta atrás.
O tempo vai passar para todos, e ele é como o aroma das manhãs de outono aqui nas montanhas, assim que o Sol aparece elas se dispersam, é preciso ter a atenção plena, voltada para si para que suas narinas percebam os aromas da vida.
O que é valorizar o seu tempo, para você?
Geralmente, quando paramos para refletir sobre a finitude da vida, começamos a atribuir a nós mesmos mais obrigações. Começamos a pensar que deveríamos nos aproximar mais de Fulano, dar mais atenção a Ciclano e não responder de forma rude aos Beltranos, não é mesmo?
Entretanto, devemos entender onde nosso mundo desmorona, onde o cinto aperta e qual é a paz que não queremos perder. Certa feita, numa palestra sobre as questões profundas, dramáticas e necessárias da vida, achei interessante quando o palestrante (meu professor de ética), afirmou que o existencialismo deveria ser mais estudado, porque segundo ele que ao nos conscientizarmos de nossa finitude, nos tornaríamos seres melhores. Argumentava com muita autoridade que quando tomamos conscienciaque tudo “acabará” a gente muda, Fiquei pensativa… Então a finitude seria um polidor da moral. “Humm”, será? Vamos refletir sobre isso! Ok! Existem muitas pessoas que reagem bem quando percebem que algo está próximo do fim, e devido a isso até se tornam mais meigas, serenas e gentis, por assim dizer.
Porém, entretanto, TODAVIA; Também sabemos que existem aquelas “persona non gratae” que vão “pôr para arrebentar” e pouco se importarão com o que vai restar, certo?
Sim, é claro que existem muitas pessoas que, ao compreenderem que o tempo está se esgotando, optam por contribuir com o mundo com boas ações, pensarão na própria descendência, afirmo que são pessoas que assimilaram o karma e, por isso, tentam escapar da Samsara.
Mas, do outro lado, temos outras pessoas, aquelas que não assimilaram ou não aceitaram o karma e, por mais que a vida já as tenha ensinado, elas ainda não cederam. Elas não ligam com os frutos que deixarão para a sua descendência. São hostis, rudes, ingratas e autoritárias.
Estas pessoas terão que passar por muitos renascimentos para entenderem que há coisas muito valiosas que felizmente existem coisas que dinheiro não pode comprar. Portanto, A finitude não afeta a humanidade de forma igualitária e nem poderia, porque na verdade somos muitas vidas cármicas sendo vivendo e partilhando no Universo ao mesmo tempo.
Penso que é mais sábio colecionar muitos bons momentos do que muitas coisas no tempo, penso que é por isso que o cheiro do amor ainda acalenta e o sexo apenas esquenta, é por isso que a amizade conforta e a gula só engorda, é por isso que os olhares ainda se cruzam e se encantam. É, só por isso!
Relaxa, cada um tem a sua própria compreensão…
Pode ser que ninguém tenha entendido nada, e também pode ser que aqueles que afirmaram ter entendido também não tenham percebido (risos).
Certo é que o mundo é extremamente diverso, e não há nada igual. Somos singulares e apenas semelhantes, como o grande Aristóteles já disse. Saber como enfrentar a morte é essencial e fundamental, ter liberdade é saber que ela só vem com alguma perda.
Nada é absoluto, nada é eterno, e, portanto, tudo é impermanente.
O que transcende, ou seja, o que passa de uma vida para outra são conceitos, padrões e, ocasionalmente, doenças hereditárias. Com tudo isso em mente, acho que vale a reflexão de sabermos o que realmente desejamos quando tudo chegar ao fim, não é mesmo?
Por hora, deixemos o sol entrar, fazer morada e brilhar mesmo que seja inverno. Gratidão, Dan Dronacharya
“Segundo o Huxley, O homem se curva a religião quando descobre a finitude ou quando acalmam-se os frenesis das muitas paixões da mente humana. A religião ganha espaço quando nada mais nos resta a não ser se curvar. Segue abaixo um trecho interessante do livro “O admirável Mundo Novo.” Apreciem e reflitam e claro, leiam a obra completa, é um história maravilhosa como tudo que o Huxley escreveu.”
“… Dizem que é o medo da morte, e do que vem depois da morte, que leva os homens a voltar-se para a religião à medida que os anos se acumulam. Todavia, a experiência pessoal me trouxe a convicção de que, completamente à parte de tais temores e imaginações, o sentimento religioso tende a desenvolver-se quando envelhecemos; tende a desenvolver-se porque, à medida que as paixões se acalmam, que a fantasia e a sensibilidade vão sendo menos excitadas e menos excitáveis, a razão é menos perturbada em seu exercício, menos obscurecida pelas imagens, desejos e distrações que a absorviam; então, Deus emerge como se tivesse saído detrás de uma nuvem; nossa alma vê, sente a fonte de toda luz, volta-se natural e inevitavelmente para ela; porque, tendo começado a esvair-se dentro de nós tudo aquilo que dava ao mundo das sensações sua vida e seu encanto, não sendo mais a existência material sustentada por impressões externas e internas, sentimos a necessidade de nos apoiarmos em algo que permaneça, que nunca nos traia – uma realidade, uma verdade, absoluta e eterna. Sim, voltamo-nos inevitavelmente para Deus; pois esse sentimento religioso é por natureza tão puro, tão delicioso para a alma que o experimenta, que compensa todas as nossas outras perdas”. Huxley. Agora e por ora, deixemos que o Sol brilhe mesmo que seja inverno. Gratidão, Dan Dronacharya.