O NOME QUE ECOA NO SILÊNCIO

“Que nada nos defina. Que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância.”

Simone de Beauvoir

Vais dizer que não percebes? Os olhares enviesados, o riso debochado, aquela concordância que mais parece um aceno cínico do que um real “sim”. Dizes que não notas? Que é impressão tua? Que são coisas da tua cabeça? Pois então, que cabeça sensível é essa que já cansou de adivinhar verdades não ditas? 

Vais negar que teu íntimo acusa o golpe todas as vezes que, em voz alta, tentas enumerar teus méritos perto de quem te desconsidera? Tu sabes. Lá no fundo, sabes. Mas disfarças. Segues sorrindo, como se nada. 

E tu não percebes — ou finges não perceber — que és alvo de uma ironia silenciosa? Que, enquanto falas com paixão, do outro lado alguém já te desmonta com a frieza de um olhar? 

As perguntas são simples. As respostas… bom, essas nem eu sei. 🙂 

Por que motivo aceitamos isso? Por que toleramos ambientes que nos adoecem? Relações que nos diminuem? Presenças que mais drenam do que somam? 

Alguns diriam que é o coração a pregar peças na mente. Romantismo puro, pieguice das boas. 
— Vala-me Nossa Senhora das folhas secas! — digo eu. 

O coração bombeia sangue, é verdade, mas quem alimenta o medo é a mente. Mente que teme a solidão, que inventa justificativas para não sair de perto do que fere. Mente que se agarra a laços frouxos com força de nó cego, só para não encarar o eco de uma casa vazia. 

E é aí que tropeçamos. No medo de ficar só. Ou talvez — sejamos francos — na velha preguiça de recomeçar. 
Preguiça de andar com os próprios pés, de escutar o próprio silêncio, de confiar na própria bússola. 

Mas, cá entre nós, há dignidades que só florescem na solidão. Há nomes que só se revelam quando deixamos de mendigar reconhecimento em vozes alheias e há amores que só desabrocham quando nos desnudamos dos inúmeros personagens sociais. 

E, quem sabe, o verdadeiro nome escondido seja aquele que ainda não ousamos chamar em voz alta por medo de sermos ouvidos só por nós mesmos. 

Mas…  

Qual é o som que ECOA do teu interior? Cala-te, silencia a tua mente. Ouse, tente escutar por um segundo e nunca mais deixarás de ouvir. 

A coragem é um atributo daqueles que sabem rasgar a dor. 

Ecoou? OMMMM… 

Gratidão; 

Dan Dronacharya 

  A Sabedoria das Árvores e a Ilusão da Traição

 “O amor não sofre e não faz sofrer, não force a barra, se for preciso insistir, não precisa ficar.” 

Você já se sentiu traída(o)? 
Eu já! 
Mas, lhe traíram de fato ou foi um delírio duradouro e com euforia da turma que vive na sua mente? 
Até que ponto somos alvos fáceis de serem atingidos? 
O dia amanheceu cinzento mais uma vez na vila das fadas. Nada fora do comum para esta época do ano. Estamos no final do inverno, e o senhor Vento Severo, acompanhado das belas gotículas de orvalho matinal, insiste em baixar as temperaturas e molhar o chão. Ele parece não querer partir. Mas as folhas secas, que até pouco tempo saltitavam, agora estão úmidas, e o aroma de renovação — digo, de Primavera — já paira no ar. 
É engraçado, ou no mínimo instigante, observar como a natureza se recria. É espetacular a forma como a natureza sente o fim, anseia o renascer e nada faz. 
As árvores ficam desfolhadas e, sem perder a classe, permanecem imóveis assistindo ao cumprir de seu dharma. Exuberantes, descabeladas, com os esqueletos à mostra, e convictas de que reviverão. Elas assistem silenciosamente ao cumprir de muitos karmas naturais da vida. 
A aceitação de que tudo o que conhecemos começa e termina ainda mexe com a cabeça de muita gente. 
Ninguém quer partir, nem com todas as garantias de sucesso. Ninguém quer ir chorando para nenhures. 
Assim se prolonga todo tipo de sofrimento, porque, no fundo, ninguém gosta de ficar onde não quer e não é querido. Sentir-se bem-quisto é e sempre foi um dos pré-requisitos de sucesso nas relações humanas. 
A vida é impermanente, tudo vem e vai. Essa lei universal vale para coisas e pessoas. A diferença entre humanos e a natureza é que a natureza tem a aceitação. 
A certeza de que novas folhas virão e a quietude das árvores são habilidades que a mente humana desconhece. 
A fórmula é a chave de Dan: Seguindo-a teremos a clareza sobre as coisas e pessoas ao nosso redor e nos permite viver com menos resistência e mais liberdade e, é bem básica.
Se de fato conheço, eu entendo. 
Se entendo, eu aceito. 
Se aceito, eu confio, entrego e agradeço. 
Se de fato não conheço, eu não entendo. 
Se não entendo, eu não aceito. 
Se não aceito, não confio, não me entrego. 
Mas ainda assim, agradeço.” 
Agradeço a oportunidade de tirar aquilo ou aquele alguém da minha vida. Portanto, ninguém deveria ter o poder de nos atingir e de nos fazer sofrer. 
Porque quem ama é apaixonado por si mesmo e não abre espaço para relações tóxicas.
É, essa mania de se desfazer para atender aos padrões alheios, é coisa de gente covarde e ignorante, além de ser um tremendo ato de desamor para consigo e sua essência. 
Selar a sua alma é liberar energias de amor por aí. uma boa opção é ter um caso consigo… 😉
Eu? Haha, eu casaria comigo um milhão de vezes. 
Mas agora e por ora, é melhor deixar o Sol brilhar. 
Om! 
Com gratidão e amor, 
Dan Dronacharya 

  A Casa Vazia 

“Certa vez ouvi de uma bruxa que nesta vida a gente só tem momentos…” 

                                   
A vida passa e os encontros não se repetem. Se fôssemos minimamente inteligentes, já teríamos aprendido isso, não é mesmo? 
Tudo passa e, depois disso, pensamos que poderíamos ter feito mais e melhor, mas é sempre depois, e às vezes a casa já estará vazia. 
Vá! Corra até a rua Paranapanema. A casa dela é a quarta do lado esquerdo de quem está subindo. Ela seguiu rapidamente pela rua Rio Jequitinhonha e, em seguida, virou na rua Rio Paranapanema. Enquanto corria, acenou rapidamente para o pessoal da escola Cecy Cardoso e seguiu em disparada para a casa da tia dela. 
Ela tinha pressa! Precisava ouvir, sentir e entender… 
Chegou apressada e quase não conseguiu abrir o velho portão enferrujado. Percebeu que algo estava diferente. Embora as couves ainda estivessem belas, o tanque velho e o banquinho do tio ainda estavam por lá. 
A menina chamou pela tia, mas não escutou respostas; a casa estava vazia. 
O café estava frio na xícara sobre a pia improvisada da cozinha e o silêncio era estarrecedor. 
“Tia, tia aa”, disse a menina, mas nada se ouvia. “Por que não estás aqui? Eu só queria ouvir sua voz doce dizendo ‘Deus te abençoe, menina’. Ver seus olhos sempre emocionados, ternos e cheios de lágrimas. Sentir a energia mansa e fraterna que emanava de você…” Pensava desesperada enquanto olhava ao redor. O vento soprou suavemente em sua face, esfriando sua alma, congelando seu coração e confirmando a ausência da amada tia. “Não pode ser verdade, não pode estar realmente vazia”, ela pensava, recusando-se a aceitar a realidade. 
Ela insistiu e gritou novamente na casa vazia. 
“Tiaa! Eu trouxe o seu livro, eu amei conhecer o senhor Paulo. Vamos conversar? Tia?” 
Mas apenas o vento respondeu, soprando suavemente na casa vazia. A porta da cozinha bateu, e ela correu para o quintal, tentando fugir daquele vendaval de emoções. “Eu não posso suportar essa ausência, preciso da sua presença, do seu toque”, pensava enquanto lágrimas escorriam pelo rosto. 
Correu desesperada para o quintal, foi até a oficina de gesso, chutou o balde e esperou ouvir a voz doce do tio Estelbaldo, mas a oficina, assim como a casa, também estava vazia. 
“Tio, você também se foi?” O gesso estava sem forma e endurecido sobre a bancada, ainda havia por ali algumas peças do tio, já quebradas. A menina ficou desolada. “O que farei agora? Como seguir em frente sem vocês?” 
Saiu porta afora, empurrou o velho portão enferrujado e sentiu novamente o vento no rosto. Desceu a rua Rio Paranapanema devagar. 
Ela não correu, caminhou lentamente. De longe se ouvia o seu murmurar, e o choro doído de sua alma causou muita pena. 
“Tia, oh tia! Cheguei tarde… A casa estava vazia, tia…” 
Amo-te! Eterna tia Vera. 
Dan Dronacharya