Cada passo em falso parece gritar no silêncio da mente. Mas às vezes, o simples ato de respirar traz o controle que a pressa rouba. A vida não espera, e você também não. Mas, é importante nos atentarmos que entre um passo e outro, existe um espaço — invisível, silencioso, que é só seu. É nele que decisões importantes nascem. Desacelere para não errar… Já vi gente correr atrás de metas como quem persegue sombra, sem perceber que o chão sob os pés precisava ser firme antes de qualquer salto. É aí que entro: mostrar como organizar o caos dentro da mente para que cada passo seja consciente, e não um tropeço disfarçado de progresso.
Porque presença não é apenas estar. É sentir, pensar e agir com clareza, mesmo quando o mundo insiste em acelerar e negociar sem clareza mental é como andar com sapatos de chumbo. Você se move, mas não avança. A boa notícia? Nem todo passo precisa ser pesado. Um pouco de presença, respiração e escolha consciente transforma até as negociações mais confusas em caminhos claros. Quer aprender a andar sem peso? Podemos caminhar, no seu ritmo. Portanto, se você sente que é hora de transformar a bagunça em clareza, acesse a pagina EU E VOCÊ e vamos começar devagarinho — sem nenhuma pressa, sem ruído, mas com muito efeito. Quer experimentar?
Gratidão,
Dan Dronacharya
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“É bem ali, na rachadura das certezas, que mora a luz da curiosidade.”
A cada passo, uma nova descoberta. Parece que o mundo se abre como páginas de um atlas gigante à minha frente. E, mais uma vez, assim como Sócrates, percebo que nada sei. Quanto mais leio, mais quero saber. Juro que hoje eu estava com outros planos, mas aí abro o jornal e leio que o governo vai endurecer as regras de nacionalidade para sefarditas. Buguei! E a Isaura logo me disse: — Ôh Dan, vai ler sobre isso que você vai descobrir muita coisa — e mais uma vez abalar as suas certezas. De novo. Sim! Outra vez me sinto como se tivesse dormido durante o filme e, por isso, só sei da história aquilo que me contaram. Pois bem, cá estou: completamente encantada e assustada com as descobertas. Gente — vocês não estão me entendendo (risos)… Eu tinha plena certeza de que o catolicismo descendia dos judeus, e lendo a história dos sefarditas percebo que eles coexistiram e sempre estiveram de lados opostos. Tô choquita! Na verdade, eles são seguidores de uma rachadura? Ou de outra raiz do judaísmo? Bem… A história conta que os sefarditas são a mistura dos povos mouros e judeus. E não foi o povo judeu que crucificou Jesus — foi o povo romano. Caraças! Por quê será que a Isaura não falou sobre isso antes? Lá vem ela de novo, com aquela sagacidade estonteante, acompanhada de uma inteligência instigante e de beleza inenarrável. Chega e me ajuda a desbravar os terrenos nebulosos e sombrios das minhas certezas. Ah, Isaura… Sempre Isaura. Eu amo essa mulher! Hahaha. Sem querer, ela me leva para onde eu quero ir — para o mundo das perguntas. Ela me deixa sozinha no labirinto das respostas. Faz isso só porque sabe que eu gosto de decifrar enigmas — assim que eu conseguir silenciar minha mente. E aqui estou eu, em pleno 2025, descobrindo que a história da minha terra — e talvez da minha própria linhagem — foi moldada por essas figuras apagadas. E, ao mesmo tempo, tão presentes. Cada nova leitura me empurra para um lugar onde as certezas desabam, mas algo mais profundo se ergue: uma vontade quase visceral de conhecer, de ouvir e de contar. Posso sentir os sussurros, ver os gestos sagrados e ouvir os contos, as canções e as orações daquelas que silenciosamente trouxeram as tradições. E, nos embalos de ninar das sefarditas, encontro mais peças deste quebra-cabeça enorme. Um mundo novo, cheio de outras cores, outros sabores, outros aromas… e as mesmas formas de amar. Não é mesmo? Quem sabe? (risos) Talvez — ou só desta vez — este seja o meu papel: transformar as lacunas em perguntas, os silêncios em ecos, e as histórias escondidas em pontes de compreensão. Enquanto a Isaura continua me cutucando, eu sigo. Desfolhando mapas. Escavando certezas. E, entre xícaras vazias de café e pesquisas, escuto lá longe as vozes daquelas que, mesmo caladas, nunca deixaram de falar. As mulheres sefarditas… Eu nunca as vi nos livros da escola, e agora me aparecem como guardadoras de segredos. Como árvores silenciosas, que continuaram passando raízes em meio ao exílio. Eram elas que mantinham os rituais em segredo, que escondiam a fé nos gestos da rotina, nos bordados, nas receitas. Foram acendendo velas em potes escondidos, ensinando as palavras sagradas como quem conta uma história de ninar. A historiadora Esther Benbassa me ensinou que elas foram as guardadoras da identidade — mesmo sem títulos, mesmo perseguidas, mesmo sozinhas e silenciadas. E o historiador Yosef Hayim Yerushalmi confirma: a memória oral foi o que salvou uma cultura inteira. É… Sobre quem, mesmo sem voz, carregou a memória. Quem cantou para que não se esquecesse. Você sabe quem ensinou à criança a falar com Deus escondido? Isaura sorri. Ela sabe. São elas. Sempre foram elas. É impressionante como a história oficial — aquela que aprendemos na escola, nos contos atuais ou absorvemos no cotidiano, com tradições cheias de recortes — muitas vezes esconde mais do que revela. A narrativa dos vencedores é uma velha conhecida, e eu estou cansada de ser apenas espectadora do que me contam. E Isaura, essa minha companheira imaginária (ou será que não?), continua ao meu lado, balançando a cabeça com aquele ar de “vê se aprende, mulher” (risos). Mas a verdade é que me sinto cada vez mais viva quando minhas convicções ruem. É bem ali, na rachadura da certeza, que mora a luz da curiosidade — que tanto gosto. E é nesse espaço entre o saber e o não saber que eu me perco, me solto, me pego, trago-me de volta e, nesta dança cósmica e solitária, me encontro — ou, pelo menos, me busco. Sigo lendo. Sigo cavando… Tentando me manter acordada, sem cochilos. Só observando o desnudar das certezas de maneira simples, admirando a coragem daqueles que mudam o leme do barco sem medo das tormentas e das tempestades em alto-mar — admirando, sem temer, o que pode vir além da imensidão. Gratidão pela companhia… 🌸 Flores pra você! Dan Dronacharya
Abaixe-se Se Quiser – O Amor, os Galos, os Humanos e a Solidão Disfarçada de Companhia
Qual o seu hobby? Há quem goste de cinema, parque de diversões com roda-gigante ou até de passeios ao zoológico. Eu gosto é de observar o bicho humano — principalmente os casais. Sou apaixonada pelas relações. Todas elas. Sejam do reino dos humanos ou dos animais. Gosto de apreciar o comportamento dos bichos. Gosto de ver as formigas se organizando, chamando as amigas para ajudar a carregar os restos da ração do meu cachorro. Gosto de escutar os pássaros conversando nas oliveiras e até de assistir aos gatos da vizinha implicando com o Reiki — meu cachorro — que fica na janela enfurecido, sem poder sair para o confronto. Sou fascinada pela dança do acasalamento das espécies. Às vezes passo horas pastoreando as galinhas aqui na quinta. Me divirto ao vê-las ciscando o chão enquanto o Reiki se finge de bravo, como se fosse um cão de guarda a serviço do mundo. Tem também o Frederico — o galo-chefe do galinheiro. É ele quem comanda tudo por aqui. Nada escapa dos seus grandes olhos claros. O outro galo, o Crista Caída, vive tentando cortejar uma das galinhas, mas o Frederico não permite. Os dois vivem às turras, e às vezes é preciso interferir para evitar tragédia. As galinhas não têm voz por aqui. Acho meio machista isso (risos). Elas se abaixam para o Frederico. E, se o Crista Caída se aproxima e o Frederico não se opõe, elas se abaixam para ele também. Simples assim. Pois bem… corta para as relações humanas (risos). É delas que eu gosto mais. Você já parou para pensar o que, de fato, entende sobre relacionamento? Você estudou para namorar? Alguém te ensinou a gostar de alguém? Certa vez ouvi de um sábio que “o coração é terra que ninguém pisa”. Será mesmo? Será que ninguém pisa, ou será que há quem entre com bota de lama e a gente ainda serve café? E quando autorizamos essa entrada — como funciona? Tem regras? Tem limite? Tem porteiro? Ah… meus amigos. Já dizia meu pai: “rapadura é doce, mas não é mole.” As relações humanas são feitas e costuradas com retalhos das relações passadas. A menos que… estejamos falando daqueles relacionamentos tóxicos, que nem fim têm — só repetição. Mas o que é mesmo um relacionamento? Um espaço de amor, de troca, de poesia e vinho? Ou uma zona cinzenta de expectativa, projeção e medo? Talvez seja os dois. Talvez seja nenhum. Talvez dependa do quanto estamos dispostos a ver a si mesmos diante do outro — e, principalmente, a não fugir com o espelho na mão. Porque no fundo, ninguém ensina a gente a gostar de alguém. A gente vai aprendendo na marra. Na perda. No incômodo. No reencontro. Vai errando nos outros o que não consertamos em nós. Tem gente que diz que só quer amar, mas o que quer mesmo é distração. Tem gente que se diz intensa, mas não aguenta cinco minutos de silêncio na presença de alguém real. O problema é que confundimos o outro com remédio. Tomamos uma dose de atenção, misturamos com afeto e achamos que curamos a solidão. Mas o efeito colateral aparece logo depois: dependência emocional, dor de identidade e alergia a si mesmo. É que tem uma parte nossa que acredita que amar é fazer o outro caber em nós. Mas o amor mesmo, de verdade — aquele que liberta — não cabe nem na nossa própria ideia.
Já parou para pensar em quantas vezes a gente se dobra só para ser escolhido? Quantas vezes nos abaixamos como as galinhas, não por desejo, mas por hábito ou obrigação? Quantas vezes o “não” ficou engasgado porque tivemos medo do abandono? E, quantas vezes aceitamos migalhas achando que era banquete? É que nos ensinaram a se conformar. A ter “alguém” pode valer mais do que ter paz. Melhor mal-acompanhado do que só — foi o que nos disseram. Mas não nos contaram que existe uma solidão a dois — e que ela dói mais do que qualquer noite fria sem abraço. Te contaram? Hum, sei. Eu fico observando os casais no café, no mercado, na praça, no supermercado … Às vezes não dizem uma palavra. Parecem dois desconhecidos fazendo tarefas entediantes. Estão juntos, mas cada um dentro da própria prisão — dentro da sua bolha — sem partilhar nada. Totalmente distantes um do outro. Outras vezes falam demais, falam alto, discutem o tempo todo. Tentam, aos gritos, moldar o outro no formato exato do amor que idealizaram. Poucos realmente se encontram. Poucos se olham sem tentar moldar. Poucos amam sem colocar uma coleira no afeto. E, é por isso que gosto de observar. Porque — no fundo, o amor é selvagem, livre e grande demais para caber numa folha A4. Ele precisa de espaço, de floresta, de vento, de segurança e de paz. O amor não carece de permissão para ser o que é — e não precisa ser o que a gente gostaria que fosse. Bem; mas … Por ora, deixo o Samsara seguir seu curso — e as ideias também. É hora de alimentar as galinhas e silenciar um pouco, antes que o amor vire teoria demais (risos). Gratidão. Flores pra você. Com amor, Dan Dronacharya.