Harmonia entre Yoga e Budismo: Desconstruindo o Eu

“Não sou nada, nada tenho e nada sei, mas eu já pensei que sabia e que tinha. O desconstruir não é fácil, mas é gratificante.”
Dan Dronacharya.

Let’s go, meus queridos leitores!
Espero que estejam bem e com boas energias circulando por aí. Hoje, quero conversar com vocês sobre a diversidade da vida e o desafio de aceitar essa multiplicidade. Vocês já pararam para observar a riqueza que existe na diversidade do nosso Universo? E, por outro lado, já tentaram reconhecer a própria singularidade nesse vasto caos que é a existência?
Ah, eu tenho pensado bastante sobre isso. Amar é algo que parece simples, mas é muito mais desafiador do que podemos imaginar. Acho que sabemos pouco, ou quase nada, sobre a nobreza do amor verdadeiro. Amar, no fundo, é aceitar. E, convenhamos, aceitar é difícil, né? É muito mais fácil sermos mimados, desejarmos que os outros nos amem à nossa maneira. Mas será que é assim que o amor funciona?
Agora, vamos nos aprofundar mais um pouco nesse tema. Sempre defendi a diversidade e nunca acreditei na ideia de igualdade como algo rígido. Sempre achei esse conceito de “igualdade” um tanto ilusório, quase cruel. Diversidade, sim, é a chave. Hoje, resolvi escrever sobre isso. Pegue um café, respire fundo, e vamos juntos…
“O eterno é a fuga da mente que teme a realidade.”
Dan Dronacharya.
Segundo o Budismo, tudo o que existe é impermanente, e o “eu” é, na verdade, uma grande ilusão. Uau! Que conceito forte, não? Ah, gente! Esse Sidarta Gautama era um sábio mesmo. Ele entendeu a essência da vida. O que eu quero que vocês percebam é que isso vai além de uma leitura superficial. Sinta o peso dessas palavras! Não se limite a ler com os olhos, sinta com o coração, com a mente aberta. Responda a essas reflexões sem medo, e lembre-se: você está conversando consigo mesmo. Não minta para si. O próprio Buda disse que, ao compreendermos nossa verdade, seremos libertos. A sinceridade com a nossa mente é a solução para tantos dos nossos problemas. Vamos aferir isso?
“Tudo o que somos é resultado do que temos pensado (criação mental). Se um homem fala ou age com uma mente impura, o sofrimento o acompanha tão perto como a roda segue a pata do boi que puxa o carro. Se o homem fala ou age com a mente pura, a felicidade o acompanha como sua sombra inseparável.”
(Dhammapada 1-2)
Agora, pense um pouco: com que frequência você troca de pensamentos? Já reparou como nossos pensamentos mudam conforme começamos a olhar para dentro de nós mesmos? Isso acontece toda vez que compreendemos melhor algo que antes estava obscurecido. E, assim, deixamos para trás hábitos, ideias e até roupas que não nos servem mais (risos). Perceba que muitas das coisas que pensamos saber são apenas informações acumuladas. Repetimos sem questionar, sem sentir de verdade, sem apreciar o que está acontecendo à nossa volta. Tratamos a vida com superficialidade, ouvimos o outro pela metade e raramente nos entregamos de fato.
Mas amar, meus amores, é deixar tudo isso ir embora. É deixar o que nunca foi seu de verdade. Sinta isso! Compreender essas questões vai despertar em você algo mais profundo: a aceitação genuína. E, com a aceitação, vem o amor.
Quando entendemos que cada pessoa tem a sua visão de mundo, começamos a parar de reclamar que os outros não nos entendem. Ao invés disso, começamos a dizer: “Eu entendo como você vê as coisas.” E é aí que o amor começa de verdade. A gente se perdoa. Perdoa os outros. Percebemos que também erramos, que também esquecemos, e que também temos uma mente que vagueia, perdida entre desejos e medos.
Despertamos, então, a compreensão. E, com isso, nossos relacionamentos melhoram. A paz começa a reinar, devagar, mas constante. Ao deixar de lado o nosso “eu” de minutos atrás, damos espaço para que nasça um novo “eu”. E, a cada escolha, decidimos se esse novo “eu” vai ser melhor ou pior. Essa simples atitude, de permitir a mudança, é o que cessará as discussões. Sinta essas palavras! Não as leia apenas, mas absorva-as. Tudo deve ser apreciado pela mente, e descartado se não compreendido.
A observação do fluir da vida é a chave para tudo. É assim que traçamos nosso caminho, nosso dharma. E onde começamos a treinar essa observação? Na respiração. Ao observar o ir e vir do ar, começamos a entender o ritmo da vida. Agora, preste atenção nos desejos que seus sentidos lhe trazem. Veja como os sentidos nos distraem e nos encantam. E, ao mesmo tempo, perceba que é necessário ter essas experiências sensoriais para, eventualmente, desapegar-se delas. Só quando percebemos a ilusão por trás dos desejos é que podemos nos libertar. Não podemos perder aquilo que nunca consideramos verdadeiramente nosso, certo?
“O nada ser, nada possuir e nada almejar é o nirvana da mente cansada.”
Dan Dronacharya.
Nossos sentidos são importantes. Eles nos ajudam a perceber o mundo ao nosso redor. Mas deixar-se levar pelos desejos que eles despertam é se prender ao externo, é se encantar com o que é ilusório. Quando ficamos fascinados com o que vemos, ouvimos ou provamos, perdemos a conexão com o nosso interior. O discernimento é o que nos mantém no caminho, e esse discernimento só pode ser alcançado com uma mente livre de corrupções.
Afastar-se das ilusões não é uma tarefa fácil. Mas, quando percebemos que estamos começando a nos desapegar dos desejos dos sentidos, a vida se torna mais leve. Descobrimos que as respostas para as nossas perguntas já estão dentro de nós, esperando para serem encontradas. Sinta isso! OMMMM!
Por agora, é melhor deixarmos o Sol brilhar e o mantra Om penetrar em cada canto do seu ser, trazendo clareza e serenidade.
Com gratidão e luz,
Dan Dronacharya

O Real

“A paz é o sossego da aceitação.”

“Só quando compreendermos que tudo no Universo é impermanente, efêmero, uma cadeia de
causas e efeitos sem realidade substancial, e que tudo aquilo que julgamos ser eu é apenas um
agregado impermanente, efêmero, não-real, só então a compreensão da unidade do todo se dá
e, com isso, o dissipar da ilusão. Assim, a realidade permanente existe, não, porém, na base
do nosso eu, onde a procurávamos, nas formas individualizadas, pelo nosso ponto de vista
ilusório. Quando esse erro se dissipa e os falsos desejos dele oriundos se extinguem, o
permanente se revela.” (E.A)
Trechos de um livro sobre a filosofia do budismo, acho interessante a maneira como minha mente tem absorvido esses ensinamentos.

Com gratidão,
Dan Dronacharya.

C’est la vie

“Um dia…Pronto!…Me acabo.
Pois seja o que tem de ser.
Morrer: Que me importa?
O diabo é deixar de viver.¨

Mario Quintana

Tenho pensado bastante sobre a vida e o amontoado de coisas que afirmamos ser ela! E o que é a vida, afinal? Oh! Perguntinha difícil, viu? A gente sempre se embaralha para responder, não é? Você já respondeu esta pergunta com todo o seu ser? Geralmente respondemos muito superficialmente, alguns ficam acanhados e outros surpresos como se a pergunta fosse bem “cabeluda” (risos). Dizemos sempre que a vida é o gosto que damos, dizemos que é a felicidade, que é ter paz e blá, blá, blá! Mas o que é a vida, afinal? Os filósofos não sabem responder com certeza, os idealistas, sim! Os mais céticos diriam que ela é apenas o existir da matéria, outros dirão que ela é a existência de um organismo que só respira, tantos outros não tão céticos e mais doutores poderiam dizer que ela é apenas o tempo entre o nascimento e a morte. Mas eu insisto, o que é a vida? Essa vida que é consumida pelo tempo do relógio e massacrada pelo tempo psicológico, se a vida é boa por que é tão sofrida e, porque não suportamos o vazio? Viver é um ônus ou um bônus? Para mim, ela foi por muito tempo apenas uma sequência obrigatória que todos seguem sem questionar, ora, pois, todos nascem, crescem, reproduzem ou não e morrem.

Mas todo ser humano, sem excessão, todos seguem essa sequência, todo ser tem na sua mente os deveres da VIDA, que são: crescer, ter uma carreira de sucesso, envelhecer com dignidade e morrer sem deixar muitos prejuízos (risos). Mas… Quais são esses prejuízos? Como se contabiliza a não existência? São financeiros? Logísticos? É, sobre o que fazer com os seus trapos? Se todos obedecem a uma regra atemporal, o que é valioso? Por que será que nos achamos tão importantes? Você é importante? Porquê? Pra quem, você é importante? O mundo vai deixar de existir para quem se você morrer agora?

Tudo o que sabemos sobre viver e morrer é uma especulação…

Nada se sabe ao certo, ninguém nunca voltou pra contar como são as coisas depois do fim da matéria, pensa, ae?!? Você já parou para pensar sobre o viver e o morrer ou você só obedece mansamente às informações que lhe foram passadas? Você já parou para pensar na beleza da aferição quando temos uma boa informação ou você sente-se ofendido quando tem alguma informação aferida?

Muitas perguntas e poucas certezas, né? C’est la vie, chérie! Mas uma coisa é certa, eu tenho certeza que nós tememos a morte e por temer a morte, morremos! Os homens criaram mitos e inúmeras realidades sobrenaturais, só para escapar da regra de que “tudo que nasce, morre”. Este assunto nos assombra e nos deixa totalmente paralisados desde que o mundo é mundo. Sem querer obedecemos cegamente a uma cultura mental de retardar ao máximo qualquer coisa sobre a morte, nós simplesmente não falamos! Vivemos de forma infantilizada e achando que a vida é só prazer e que depois dessa vida tem outra ou que você volta para essa, mas isso é outra grande ilusão, a minha gente, “prestem atenção no embaralhado do gato”. Ninguém deixa de viver porque se aborrece. Desperta! Esse temor nos tira a chance de apreciar as belezas que há no mundo, nos rouba os sentidos e tira-nos a alegria.

“Oh morte, tu que és tão forte
Que matas o gato, o rato e o homem
Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar
Que meu corpo seja cremado e que minhas cinzas alimentem a erva
E que a erva alimente outro homem como eu
Porque eu continuarei neste homem
Nos meus filhos, na palavra rude
Que eu disse para alguém que não gostava
E até no uísque que eu não terminei de beber aquela noite.”

Raul Seixas

Sem despertar vivemos fantasiando e idealizando um mundo para além desse para que enfim se possa viver sem sofrer. Perceba o tamanho dessa ilusão e o quão infantil ela, é! Acorda pequena Alice! Entenda, minha doce menina, perceba de uma vez por todas que a mente humana tem uma facilidade impressionante para se iludir e quando houver qualquer sinal de fumaça, ela entregará-se para o primeiro que aparecer e prometer apagar o incêndio, ela aceita rapidamente qualquer solução fácil, ela cria problemas, mas não os suporta, logo, ela cria muitos paraísos, entenda isso, pequena Alice!

” O oposto da morte é o nascimento, a vida não tem oposto.”

Eckhart Tolle

Isso acontece desde os primórdios da civilização humana, já nos é sabido que sempre tememos o fim daquilo que conhecemos (a matéria), ou melhor dizendo, a mente humana tem medo do desconhecido, e é por isso que não gostamos de falar sobre a morte. Mas se você deixar a sua mente expandir poderá ver que ao entender a morte, ganhará vida. Deixa fluir, tu és o pensador e o pensamento, és quem comanda e és também o comandado, vamos? Move! Move! Let’s go! Venha ver o sol. Venha, acompanha-me, eu não sou diferente de ti, somos iguais no pensar, todos pensamos! Todos temos aflições, mas nós não precisamos sofrer, o sofrimento não é nobre, não se pode chamar de nobre aquilo que causa rigidez, dor e tristeza. Isso é uma crença limitante, liberte-se!

” A dor é inevitável mas o sofrimento é opcional.¨

Sidharta Gautama

Respira! Eu não quero parar por aqui, vamos prosseguir? Pegue um cafezinho pra continuarmos, relaxa, não perca o embalo e vem comigo.

O tempo que passamos por aqui parece-me ser algo que foge ao nosso controle, não é? Nada depende da gente, a não ser a nossa própria paz, concorda? E por que é que a gente não consegue fazer isso com excelência? Por que é que temos tanta dificuldade de aceitar os outro a maneira deles e por que é que nós sempre achamos que sabemos um bocadinho mais do que toda a gente? Conta-me coisas, vai?!? (risos).

“A morte, surda, caminha ao meu lado
E eu não sei em que esquina ela vai me beijar. Com que rosto ela virá?
Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer?
Ou será que ela vai me pegar no meio do copo de uísque?
Na música que eu deixei para compor amanhã?
Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro?
Virá antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi destinada,
E que está em algum lugar me esperando
Embora eu ainda não a conheça?”

Raul Seixas

A morte surda caminha ao meu lado, Raul e eu também não sei em qual esquina ela vai-me beijar, será que ela vai permitir-me terminar o livro que comecei? Será que terei tempo de ver os meus netos? Terei netos? Será que ela vai deixar eu curtir a minha viagem, terminar o meu b… ou vai impedir-me? Será que terei tempo de trocar-me ou irei toda despenteada? De qualquer das maneiras eu sei que vou-te encontrar morte, vou-te encontrar vestida de cetim, pois em qualquer lugar, esperas só por mim e então me entregarei a ti sem reservas, eu juro! Mas por favor não se apresse, pode demorar a chegar.

É, eu tenho pensado sobre a vida e no amontoado de coisas que pensamos ser ela, e você?

Gratidão eu sou…

Dan Dronacharya 🙂