A lição das Árvores, a Sabedoria do Amor e as Ilusões da Traição
“Porque o amor não sofre e não faz sofrer, não força a barra e, quando for preciso insistir, o amor já não estará mais neste lugar.”
Este texto é uma reflexão sobre autonomia afetiva, amor próprio e as ilusões da traição emocional — temas que atravessam quem já precisou aprender a sair de relações tóxicas sem perder a própria essência.
Você já se sentiu traída(o)?
Eu já!
Mas… já lhe traíram mesmo ou isso foi apenas mais um delírio duradouro e eufórico dos personagens que vivem na sua mente?o amor não sofre e não faz sofrer. Ele não morde, ele assopra. Quando há dor, existe insistência ou autoabandono, talvez já não seja amor, e sim apego.
Eu não sei!
A rigidez do chão duro
O dia amanheceu cinzento mais uma vez na vila das fadas. Nada fora do comum para esta época do ano. Estamos no final do inverno, e o senhor Vento Severo, acompanhado das belas gotículas do jovem e fresco orvalho matinal, insiste em abaixar as temperaturas e molhar o chão. Fica tudo úmido.
Muitas vezes, tanto o chão quanto o coração parecem duros demais perante as finitudes dos ciclos normais de convivência e talvez seja por isso que esta rigidez humana insiste em nos fazer sala onde o desconforto está sentado confortavelmente no sofá ao lado. Só pode ser por conta dos muitos corações e mentes que ainda a seguem incansáveis pelas estradas da vida tentando se adequarem
As pessoas seguem sem questionar onde falharam e permanecem totalmente apegadas a investimentos monetários, “status” ou presas totalmente ao egoísmo de um peito apaixonado, cheio de apego e desprovido de amor.
As folhas secas, que até pouco tempo saltitavam feito pipoca em panela quente, agora estão úmidas, pegajosas e sonolentas. Um aroma de renovação — digo, de primavera — já paira no ar. Este é o espetáculo da natureza anunciando, mais uma vez, a impermanência sem sofrimento.
O espetáculo de amor da Natureza
É engraçado, ou no mínimo instigante, observar como a natureza se recria depois do “fim”. É espetacular a forma como ela sente o final, anseia pelo renascer e nada faz — apenas aceita os ciclos da vida.
As árvores ficam desfolhadas e, sem perder a classe, permanecem imóveis, assistindo ao cumprimento de seu dharma. Exuberantes, descabeladas, com os esqueletos à mostra e convictas de que reviverão. Elas observam silenciosamente o cumprir de muitos karmas naturais da vida.
A aceitação de que tudo o que conhecemos começa e termina ainda mexe com a cabeça de muita gente. A impermanência exige muita maturidade emocional.
Ninguém quer partir — nem com todas as garantias de sucesso. Ninguém quer ir chorando para nenhures.
Quando você fica onde não lhe cabe ou mente a si mesmo para tentar se adaptar onde não te querem ainda é a maneira mais corriqueira de como prolongarmos quase todo tipo de sofrimento.
Quando insistimos em permanecer em lugares ou relações onde já não queremos estar. Lá no fundo todos sabem que ninguém gosta de ficar onde não quer estar ou não é querido.
Desta forma o sentir-se bem-quisto é e sempre foi um dos pré-requisitos de sucesso nas relações humanas. Sentir-se amado também.
A fórmula secreta para se dar bem nas relações humanas é a chave de Dan.
A vida é impermanente.
Durante a vida tudo vem e vai. E essa lei universal vale para coisas, bichos, plantas e pessoas. A diferença entre nós e a natureza é que a natureza aceita — e os humanos, não. A certeza de que novas folhas virão e a quietude com que as árvores aceitam começos e fins são habilidades que a mente humana ainda desconhece, especialmente quando não desenvolveu autonomia afetiva.
Seguindo-a, teremos clareza sobre as coisas e as pessoas ao nosso redor, o que nos permitirá viver com menos resistência e mais liberdade emocional. E ela é bem básica:
Se conheço, eu entendo.
E, se entendo, eu aceito.
Se aceito, eu confio, me entrego e agradeço.
Não conheço, eu não entendo.
Se não entendo, eu não posso aceitar.
Se não aceito, não confio e não me entrego.
Mas, se agradece.
Nasce a gratidão, por tudo e por nada
A gratidão nasce da oportunidade de tirar aquilo — ou aquele alguém — da sua vida. E a autonomia afetiva começa quando ninguém mais tem o poder de nos ferir emocionalmente.
Porque quem ama também é apaixonado por si mesmo e devido a isso, ele não abre espaço para relações tóxicas onde as mãos não se entrelaçam
Então, essa mania retrógrada, sem classe e nada elegante de se desfazer para atender aos padrões alheios é coisa de gente brega, covarde, insegura e ignorante — além de ser um tremendo ato de desamor consigo e com a própria essência divina.
Selar a alma é não se perder por aí. E, bem… eu confesso que tenho um caso comigo. 😉
Portanto, para mim, eu já disse SIM.
E diria de novo, e de novo — diria um milhão de vezes.
Mas agora, e por ora, acho melhor deixar o Sol brilhar. Afinal, eu já vejo corações que entenderam que amar é também saber andar em conjunto, ainda que estejamos sós.
Om!
Com gratidão e amor,
Dan Dronacharya


