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Entre o Amor Verdadeiro e a Dependência: O Que é Ser Bem-Sucedido 

“A minha avó gostava de dizer que ‘tem gente que é tão pobre, mas tão pobre, que só gosta de dinheiro, pois é’.” 🙂🙂🙂

Será que sucesso monetário basta? O que é sucesso para você?

Acredito que muitas pessoas fracassam justamente porque confundem o sucesso com a necessidade de corresponder às expectativas e idealizações dos outros. Para essas pessoas, alcançar o verdadeiro êxito significa ter o mesmo carro que o vizinho exibe na garagem ou acumular uma fortuna que impressione, como a do pai daquele colega de trabalho.

No entanto, o que essas pessoas não percebem é que o sucesso genuíno começa pelo ato de voltar-se para si mesmas, de investir na própria evolução e, principalmente, de aprender a acolher e amar a própria essência.

Curiosamente, é comum que insistam em afirmar que “ninguém é melhor do que ninguém”. E, aqui, preciso discordar. Quem está lendo estas palavras provavelmente já entendeu que, sim, algumas pessoas são melhores — melhores no sentido de serem mais conscientes, mais éticas, mais dedicadas a fazer o bem.

Quem verdadeiramente deseja evoluir não se contenta com comparações vazias ou com os padrões impostos pela sociedade. Aposto que você, leitor, está além dessas superficialidades e sabe bem do que estou falando, não é?

Portanto, para a pessoa bem resolvida, o sucesso é conquistar aquilo que foi idealizado por si e para si. Ser bem-sucedido é não precisar do outro, pois o outro, na verdade, não existe. Todos somos UM, e cada um de nós é uma centelha divina de tudo o que existe; ao compreender e aceitar a si mesmo como único, você também será capaz de aceitar e amar o outro em sua totalidade, mesmo que as energias se destaquem de forma diferente. Vibrar sua própria energia em meio a tantas outras é a dança sagrada do Universo. O som gerado por essa magnífica comunhão entre os múltiplos universos não é estridente, mas soa como música clássica: acalma e pacifica o Cosmos.

No entanto, essa suave sinfonia do amor genuíno, como qualquer outro som, não se propaga no vácuo. É preciso primeiro silenciar e aprender a ouvir a si mesmo, entender os próprios pensamentos e fantasias. Só assim você conseguirá distinguir entre os barulhos externos e os da mente tagarela.

É fundamental entender que o amor não nasce no outro antes de nascer em si. E, como já mencionamos, o amor, assim como o som, não se propaga no vácuo. Precisamos de paciência, pois o som do amor é suave, ele tranquiliza e acalma. Tente se ouvir.

Aquele que ama a si é aquele que possui flores no cesto e, por isso, entende, aceita e acolhe. Quem não se ama tem a cesta vazia e acredita cegamente que precisa do outro para preenchê-la.

As relações profissionais e comerciais se baseiam, de fato, na necessidade do outro para que se tornem relações de sucesso. Porém, as relações amorosas, íntimas, familiares e até mesmo sociais não deveriam seguir esse mesmo padrão. Infelizmente, a sociedade contemporânea inverteu essa lógica, e há uma explicação para isso.

Essa “necessidade desnecessária” de precisar do outro para se completar foi-nos ensinada desde sempre. As mulheres precisam ser belas e prendadas para conquistar um bom marido; os homens devem ter bons salários e estabilidade financeira para dar uma casa à mulher. Senão, ele não seria considerado um bom partido, certo?

Errado! O amor vai muito além dessas trivialidades; ele não olha para o bolso ou para a cozinha. Quem ama, aceita e não molda.

O amor não tem necessidades; ele se basta. Essa mesquinharia desmedida que envolve as relações íntimas — a ideia de que existe a “pessoa certa” ou que se trata da “escolha de Deus para você” — é, no fundo, uma conversa para fazer boi dormir. Essa cultura de depender do outro para existir tem desgastado as relações extraprofissionais.

O frenesi sexual atual e a inversão desmedida de valores, tanto consigo mesmo quanto com a própria essência divina, têm aumentado as traições e a violência doméstica em muitos lares.

Até quando vamos, de forma desmedida, acreditar que o outro deve suprir nossas carências?

Você não precisa — ou, ao menos, não deveria precisar — do outro para amá-lo. Porque, se assim for, o que você ama não é o outro ser, mas sua própria necessidade. E, na primeira contrariedade que houver — como deixar uma toalha molhada na cama ou queimar o feijão — será capaz de destruir essa relação. Mais ainda: o fracassado sairá bradando que se enganou, pensou que o outro o amava ou qualquer coisa do gênero. Já ouvi tantas reclamações sobre o amor que, na verdade, não têm a ver com o amor em si, que, às vezes, penso que amar não é para nós. O que está em jogo não é o amor real, mas uma expectativa construída sobre uma carência.

Agora, me diga: você sabe o que é amar? Já amou?

Relaxa! Não precisa me responder, apenas responda a si mesmo. Relacione-se consigo e, como se estivesse num flerte, tenha paciência para ouvir a si. Com certeza, encontrará grandes respostas quando realmente escutar a sua própria voz interior.

Bem, estamos no outono, e o dia já vem raiando maravilhosamente lindo lá fora. Penso que, por ora, é melhor deixarmos as nuvens cinzentas dispersarem. Om!

Com amor e gratidão,
Dan Dronacharya.

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