SO HAM

Artigo do mês de maio da revista Meer
https://www.meer.com/pt/76470-so-ham

Entrega-te a ti mesmo e sinta o Divino que habita no teu interior…

So Ham, Dan…

Acalma-te! Respire profundamente, feche os teus olhos, sinta a vida pulsar em ti e nunca duvides da minha presença. Eu estou em tudo e não sou nada. Ouve, aquieta todo o teu ser e apenas escuta, pois eu sou o barulho da relva roçada quando tocada pelos teus pés e as labaredas da lareira quente no inverno.
Desacelera a tua respiração e cessa o teu pensamento até que consigas perceber a minha presença. Eu sou a neblina que vem por trás das montanhas durante as manhãs de Outono e o delicioso sabor do café na tua boca, sou a chuva das meias estações e a brisa refrescante do Verão.
Eu sou o perfume dos eucaliptos que inebriam os teus sentidos e o balançar suave dos pinheiros que dançam ritmicamente com o vento, despertando em ti aquele encantamento com a minha existência e presença.
Sou a raiz do carvalho velho, chamado Dandine, a dança dos sobreiros, o estalo das pinhas, as azeitonas das oliveiras e as amoras silvestres que adoçam a tua boca, mas que nascem entre os espinhos das Silvas.
Eu sou a Clementina deliciosa do quintal, o pêssego cheiroso e saboroso, e as belas flores do jardim.
So Ham, menina!
Eu sou o sorriso terno de quem doa e, mesmo com as mãos calejadas da lida, gentilmente oferece tomates, batatas, cebolas, couves e amor.
Sou e estou no olhar manso e cativante daquela idosa na estrada que, sem querer nada, partilhou contigo a vida e os frutos.
Eu sou a segurança que sentiste ao encarar os olhos dela, sou a bondade daquele sorriso e a pureza de todos os corações. Sou a chuva mansa no telhado, o céu cinza e carregado, e o cheiro gostoso da terra molhada.
Eu também sou as doces lembranças que este aroma traz, memórias do teu tempo de menina, aquelas que te fascinam; sou a tua alma quando sentes paz.
So Ham,
Eu sou o pó da terra seca que encarde os pés, os aguaceiros formados com o excesso de chuva que divertem ao fazer “ploft”, “ploft”. Sou a relva orvalhada das manhãs, o doce perfume nos fins de tarde, as belíssimas montanhas com os cata-ventos e o fumo perfumado das lareiras.
Sou o crocitar dos corvos, o piar das corujas, o cantar dos pequenos passarinhos, a raposinha apressada, as lesmas e o grilo no pé de limão.
Eu sou o sol que nasce lá atrás das grutas de Mira de Aire no outono e nas outras estações parece começar em outra direção; sou a grande lua cheia que, de tão bela, prende-te na varanda, e ao apreciar os meus encantos, ficas como uma adolescente apaixonada e totalmente sem “noção.”
Eu sou o tudo e o nada, minha doce criança; estou em todos os lugares e não pertenço a nenhum deles…
Sou o silêncio que buscas quando corres assustada em direção à mata; sou o teu respirar aliviado e a certeza de sentir-te amada. Sou a inspiração, o talento das tuas mãos, o baú velho e o vazio da mente cansada.
Eu sou o tapete de Yoga estendido e o teu corpo em postura de adoração; sou o teu coração que sente a calma quando praticas de forma intensa e entregas totalmente sem o uso da razão.
Sou a gratidão dos alunos, o alívio das dores e o relaxar gostoso que revigora o ser com a prática diária.
Eu sou o bater da tigela durante a meditação, o incenso aceso e o concentrar dentro de ti em oração; eu não estou em nenhum templo, jamais poderás me encontrar em instituições feitas de barro e ferro.
Eu estou aqui, vivo em ti! Tu és parte de mim, uma centelha divina de tudo que sou; silencia e me sinta: eu Sou o Divino que te habita, a voz mansa do teu interior que com ternura sempre te diz, “acalma-te, minha princesa, eu não me afastarei de ti”.
So Ham, Dan.
Gratidão eterna.
Dan Dronacharya

O silenciar das vozes Demoníacas

“Quando eu consegui me ouvir, vi que eu estava sozinha.” 

Não há ninguém aqui, onde estão todos? Os corredores estão frios e silenciosos, imóveis e sem vida como concreto armado. 
Os demónios calaram, onde estão as vozes?  

Engraçado, mas verdade é que a paz assusta meus amores… 

Bem, 

Reza a lenda que a paz mental é o cessar das muitas vozes que temos dentro da cabeça, dizem ainda que este silencio deixa-nos mais soltos e sorridentes. 
Sim! É verdade assim como também não é conto que devemos nos esforçar para que consigamos o tal sossego.

Infelizmente o silenciar dos demónios não nos trará paz de imediato, logo após o cessar das inúmeras vozes que lhe acompanharam por anos a fio, virá o desespero do que fazer com a imensidão que é o seu universo mental. 

O emudecimento demoníaco deixará o vazio que na verdade somos e não é fácil entender que não somos nada, que nós devemos nos construir e que nada vem pronto. 

Portanto, depois do vazio vem o entendimento através da percepção de que a palavra permanência é só mais uma lenda.
Perceberemos a impermanência e aprenderemos a compreender e a aceitar o mundo como é, e isso trará a paz que almejamos ou o bendito sossego como eu gosto de dizer. 😉 

Na verdade, as vozes são nossas carências frustradas, elas são as muitas idealizações que temos com relação a vida. Infelizmente para muitos de nós a vida é um verdadeiro desconstruir de sonhos e é este processo que gera as vozes demoníacas.
 
Penso que crescer e, portanto, ficar em paz é saber deixar tudo ir, é entender que a voz que retorna a si é apenas o eco da sua própria voz.  

Olhe ao seu redor, os corredores estão vazios, para onde foram todos? 
Com o passar do tempo aprenderemos a nos divertir com o silencio e por fim aprenderemos a ouvi-lo sem voz nenhuma. 

E, deste momento em diante saberemos discernir a diferença entre o sentir e o ouvir quando pronunciamos o mantra SO HAM. 

Por enquanto, deixemos o Sol brilhar mesmo que seja Inverno. 
Gratidão,  
Dan Dronacharya.

Eu Sou isso ( So Ham)

“Entrega-te a ti mesmo e sinta o Divino que nos habita.” 

So Ham, Dan … 

Acalma-te! Eu sou o barulho da relva roçada quando é tocada pelos teus pés. 
Eu sou a bela neblina das manhãs de Outono, o gosto do café na tua boca e o vento refrescante do Verão. 

Sou o perfume dos eucaliptos e o balançar dos pinheiros que te fascinam incansavelmente pelo ano inteiro. 

Sou a raiz do carvalho que recebeu o nome de Dandine, a dança dos sobreiros, o estalo das pinhas, as azeitonas das oliveiras e as amoras silvestres.

Sou a mexerica gostosa do quintal, o pêssego cheiroso e saboroso e as belas flores do jardim. 

So Ham, 

Eu sou o sorriso terno de quem doa, que mesmo com as mãos calejadas e o cansaço da lida, gentilmente oferecem tomates, batatas, cebolas, couves e amor. 

Eu sou o olhar manso e cativante da idosa na estrada que sem querer nada, partilhou contigo a vida e os frutos da casa. 

Eu sou a segurança dos olhos dela, a bondade daquele sorriso e a pureza de todos os corações. Sou a chuva mansa no telhado, o céu cinza e carregado e o cheiro que inebria os teus sentidos quando o chão por mim foi molhado. 
Sou as doces lembranças que este aroma traz, sou a tua alma quando sentes paz.

So Ham,

Eu sou o pó da terra seca e os aguaceiros formados com o excesso de chuva fazendo “ploft”, “ploft”. Sou a relva orvalhada das manhãs, o doce perfume nos fins de tarde, as montanhas e o fumo das lareiras.

Sou o crocitar dos corvos, o piar das corujas, o cantar dos pequenos passarinhos, a raposinha apressada e o grilo no pé de limão.

Eu sou o sol que nasce atrás dos cata-ventos no outono e nas outras estações começa em outra direção, sou a lua cheia que de tão bela prende-te na varanda para apreciar os meus encantos como adolescente apaixonada e sem “noção.” 🙂

Eu sou o tudo e o nada! 

Sou o silêncio que buscas quando corres pra mata, o teu respirar aliviado e o teu sentir amada. Sou a inspiração, o talento das tuas mãos e o vazio da mente cansada.

Eu não estou em nenhum templo, estou aqui, em ti! Sou o Divino que te habita, sou a voz do teu interior que mansamente diz-te, “acalma-te, So Ham, Dan.” 

Gratidão eterna…  Ommmmmm /o\

Com amor, 

Dan Dronacharya